Que o NOVO ANO vos traga dois presentes: uma borracha para apagar o que de mal aconteceu em 2007 e um lápis de cor para pintar 2008. Bom Ano.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
2008 começa na capital Conakry
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Noticias Natalícias!!!
Rubina
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Já CHEGARAM!!!
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Na estrada - MAURITÂNIA, quinta-feira, 29 de Novembro de 2007
Estrada nacional entre Nouakchott e Nioro
No que diz respeito a fronteiras e comparados com os mauritanos, os marroquinos são uns meninos (salvo seja). Isto para dizer que atravessar a fronteira do Sahara Ocidental com a Mauritânia não nos foi tão fácil como atravessar a de Espanha com Marrocos.
Na área marroquina (e já explico porque falo expressamente de uma área e não de um lado por exemplo) foi um pouco demorado, cerca de duas horas, mas foi tranquilo. Passamos pela revista geral de dois ”gendarmes” e um cão à nossa Aurora, por algumas questões obvias sobre a nossa passagem na região e o nosso destino, duas de letra com um agente num gabinete improvisado debaixo de um arbusto, a quem entregamos os passaportes para carimbar a saída oficial do Reino de Marrocos, e siga que se faz tarde.
Depois do último controlo marroquino entramos na terra de ninguém, e explico agora a questão das áreas que referi anteriormente: Estamos (nós, “meninos” ocidentais) habituados a ver uma fronteira como uma linha meia mista, onde os agentes da autoridade dos dois países geminados, quase à vista uns dos outros, tratam de assegurar a entrada e saída de pessoas e bens do seu país de acordo com as suas conveniências e obrigações legais. Pois bem, os marroquinos e os mauritanos andaram à estalada (ou ao tiro para ser mais preciso) até cerca de 1975 pela disputa de território no Sahara Ocidental, altura em que, e em conjunto com os espanhóis, chegaram a acordo sobre a divisão das terras. Marrocos ficou com a zona noroeste rica em minério e os mauritanos ficaram com uma faixa de areia que restava mais a sudeste. Hoje em dia as linhas de fronteira dos dois países parecem separadas por cerca de 3 kms de “terra de ninguém”, onde não há estrada e por onde se circula atrás das marcas de pneus deixadas na areia e na superfície das lages de rocha. Como aquilo não é de ninguém (naquele dia foi timidamente nosso!), ninguém investe ali um tostão que seja e por causa disso a travessia torna-se penosa por causa da grave irregularidade do piso, arriscada a desvios e um grande susto para quem ingenuamente supõe que será assim até ao Mali ou ao Senegal, ou mesmo que aquele é o padrão mauritano para uma das três rotas comercias que atravessam o deserto do Sahara para o centro de África. (Por curiosidade as outras duas rotas atravessam a Argélia, uma para o Mali e outra para o Níger e são muito pouco utilizadas por quem pretende atravessar o deserto por terra.)
Chegados à zona mauritana, passamos pelos controles habituais e apanhamos alguns sustos, principalmente porque levávamos (e ainda levamos) connosco algumas garrafas etílicas refundidas na caixa de mercadoria por cima da Aurorinha, o que atravessando uma fronteira para um país onde o álcool é proibido não é lá muito sensato. Isto despertou obviamente a atenção dos “douanes”, que depois de descobrirem que não tínhamos sido totalmente honestos quando lhes dissemos que apenas tínhamos connosco aquela garrafa de Vodka por abrir que levávamos na mala e quase à vista, desconfiados, nos revistaram o carro de alto abaixo e a cada minuto sacavam uma nova garrafa. Ora whisky, ora vodka, ora as borradinhas de bagaço e mel que nos ofereceram em Portugal (obrigado Eduardo, valeram bem a pena e ainda sobram umas 6). O ambiente azedou um pouco e os sorrisos desapareceram. Restava-nos coçar a cabeça e “rezar” para que não nos abrissem os sacos onde guardamos as câmaras nem fizessem questão de ver de que cor eram as nossas cuecas. A revista foi muito intensa, mas pouco minuciosa. Nenhum saco foi aberto e acreditaram sempre na nossa palavra no que dizia respeito ao conteúdo dos sacos. – “c’est mon bag avec mon personeles seulement.”
O Armando ainda tentou “bater o coro” de que o “Velhinho” (pai) lhe tinha enfiado umas garrafas à socapa na mala, mas o coro não colou e tivemos que desembolsar dois relógios que tínhamos levado para trocar e uma bola de andebol “três jolie” que era a única decente que levávamos para nós próprios jogarmos (essa custou perder, mas acho que nunca mais ninguém se lembrou dela depois disso).
Incoerentemente, o guarda que mais nos achincalhou e gozou por termos as garrafas connosco acabou o discurso dizendo que era melhor escondermos bem as mesmas porque elas eram proibidas no país e poderíamos ter problemas mais à frente. Duas na mala bastavam - dizia o mesmo - apenas por sermos estrangeiros e o álcool ser alegadamente para consumo (apesar de nenhum de nós se lembrar muito bem da ultima vodka que bebeu na vida). Assim fizemos. Refundimos o que tínhamos e o que não tínhamos e rumamos ao controlo seguinte, já sorridente mas com os joelhos ainda tremelicantes. Mais duas de letra no controlo seguinte, revista muito superficial, carimbo no passaporte, seguro para 5 dias e “vasi vasi á grand vitesse”.
Até Nouâdhibou que fica a cerca de 100 km da fronteira passamos por mais 2 controlos de “douanes”, mas nenhuma aldeia ou vila, 2e à chegada tínhamos tudo menos vontade de permanecer ali. Os olhares do exterior eram indiscretos e ansiavam por uma paragem nossa. Depois de todo o stress da fronteira só queríamos parar e relaxar, mas ali não! Paramos apenas o tempo necessário para dar de beber à Aurora um diesel Africano de qualidade duvidosa e comprar pão. Seguimos caminho até à capital mauritana, Nouakchott com paragem obrigatória na melhor estação de serviço por que passamos na Mauritânia até à data. Aí jantamos, dormimos e pela manhã, depois das rodagens e sessões fotográficas matutinas entre dunas, cabras e esqueletos, demos boleia ao Abd, um empregado da “stacion du service” TOTAL, que ficava em Nouakchott. Gajo porreiro o Abd. - Comprou-nos água para a viagem, fez dezenas de telefonemas onde só se entendia a palavra “portuguê” e pôs-me a falar com a namorada dele ao telemóvel mas o meu francês “c’est pas bom” e não consegui aguentar a conversa muito tempo. Ele parecia entusiasmado apesar de cauteloso com a nossa presença e no meio de toda a nossa insanidade lusitana acho que conseguiu perceber que éramos gente de bem e que estávamos tão apreensivos com a presença dele como ele estava com a nossa.
Entre calhaus e grãos de areia lá seguimos viagem, de passaporte visado na mão, a caminho do Mali. Na estrada, à entrada e saída de todas as aldeias ou cidadezinhas com direito a registo no mapa, estão sempre os controlos. Já em Marrocos era assim, mas se lá o passaporte era sempre inquestionavelmente apresentado e a sensação era desconfortável apesar dos sorrisos e da aparente boa disposição dos “gendarmes”, na Mauritânia, paradoxalmente, as figuras eram sempre mais sisudas, mas igualmente mais tranquilas no sentido em que raramente faziam muitas perguntas e foram quase tantas as vezes em que nos pediram o passaporte, como aquelas em que apenas nos perguntaram a nacionalidade para depois nos mandarem seguir, já sorrindo em tom de resposta aos nossos sorrisos.
Para Portugal enviamos beijos, abraços e sorrisos
mais morenos e mais suados, mas também muito mais intensos....
Texto: Nuno Ribeiro
Fotos: Ricardo Leal
Assistente de câmaras: Armando Santos
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
SAAHARA
Olá…pela primeira vez escrevo desde o início da aliciante caminhada ao longo deste efervescente continente, ao mesmo tempo, tão rico e tão pobre…feito por aqueles que o constroem e o destroem. Ainda não sei ao certo se eles o “desconstroem” por necessidade, desespero ou preguiça….são vaidosos e riem-se por vontade reduzem as necessidades em prol de uma vaidade desmedida mas digna. Nós, vaidosos por inveja, achamo-nos necessitados do que não necessitamos mais, e então “o que move a VONTADE?...o que queremos ou o que gostaríamos de querer?...o que somos ou o que gostaríamos de ser?...o que vemos ou o que gostaríamos de ver?”…
Cá para mim, acho tudo pertinente, acima de tudo, o orgulho do que já se “É” pela vontade do que ainda se pode vir a “SER”…Porém, aqui o ritmo é tão preguiçoso quanto as vontades, são como dois imensos curiosos sem ferro para poisar; são duas faces da mesma moeda, contudo, faces do mesmo lado…e agora, “sendo estas gentes, à partida, mais necessitadas que todos nós, porque temos então mais necessidades do que eles? Que consciência temos a mais ou a menos…qual estará mais certa ou mais errada…e que diferença fará essa consciência mais acertada para a resolução dos problemas desta “pobre moedita azulada” que aos poucos vai perdendo a sua cor…e será que esses problemas existem ou serão criações daquelas cabeças minadas por trocos a custo zero?”…não sei…infelizmente os problemas existem, mas….não podemos continuar; nós “capitalistoconsumistas”; a querer receitar, por sintoma, as necessidades que não sentimos…aqui a administração “destas coisas” tem de ser feita em consonância com o ritmo cardíaco destas pessoas, que sentem…e bem!
Será assim mais “justo” pedir que por todo a parte todos vivam com a consciência, possível, das necessidades e principalmente da importância que é ter necessidades mas, ainda mais importante será viver por vontades e espalhar sorrisos, receber e dar vida porque, antes de mais, somos todos frutos da mesma arvore, que tem raízes mais profundas que a nossa cultura, as mentalidades ou a nossa religião (quanto a esta ultima, acho que cada um devia construir a sua).
As mesmas raízes esforçadas, que jamais podem secar, pedem que “frutos” caiam para continuar a enriquecer o solo que as raízes procuram prender…mas não podem cair sempre os mesmos! …temos aprender a “cair” para continuar a enriquecer a TERRA. Temos que nos sujeitar em vez de apelar ao “Sujeito”; retirando frutos, protegendo as diferenças culturais e “amamentando” as pontes em vez dos muros…sorriam estão de olho em vós e o que fazemos aos outros volta de novo a nós…e volta a dobrar!
Dá que pensar…Já naturalmente muitas vezes tinha eu pensado sobre todas estas coisas boas para preencher o espírito a diferença é que nunca as tinha verdadeiramente escrito na pele…sintam, experimentem, partilhem…vão ver que não dói nada. J ;)