segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

2008 começa na capital Conakry


A terminar o ano de 2007, ainda sem noticias "in Loco", deixo aqui as "meias" noticias que vão chegando através das linhas telefónicas... Sem dúvida que 2007 fica grvado na vida dos nossos "conakry's". Em setembro surge este convite e em dois meses foi possivel concretiza-lo com o apoio de muita boa gente. A 18 de Novembro os três aventureiros a bordo da "aurora" fazem-se às estradas africanas e tudo "corre muito bem". Já sairam da aldeia de Sangbarala e vão entrar o ano de 2008 na capital Conakry, onde vão permanecer duas semanas e depois voltam lá para mais alguns dias! Este projecto está quase a entrar na fase do regresso e aqui fica o desejo de que corra tudo tão bem ou melhor que a ida para lá... que voltem para nos saciarem a sede que fomos ganhando por este projecto!Eles conseguiram um cartão de Tlm em Conakry e deixo-vos aqui o número, mas infelizmente não dá mandar Sms: 0022464978377, só mesmo para ligar!!! Os post's no blog estão atrasados porque o leal está acabar de tratar as fotos, já não deve faltar muito. Mais uma vez partilho convosco a ALEGRIA deles, estão bem, muito bem! O nuno foi apanhado por uma amigdalite, mas já está quase curada... mas nem isso lhe retirou algum entusiasmo, o Mando está deliciado e o Ricardo maravilhado... terão oportunidade de sentir melhor isto, quando eles enviarem os textos e nos descreverem tudo o que se passou nestes dias e já lá vão 44! Nesta altura estão a ponderar ir ao Festival de Música que se realiza no Mali, agora no inicio do mês! Partilho convosco umas das sms mais bonitas que recebi para 2008, a autoria ou simplesmente a intenção é da mãe do Ricardo:

Que o NOVO ANO vos traga dois presentes: uma borracha para apagar o que de mal aconteceu em 2007 e um lápis de cor para pintar 2008. Bom Ano.

Beijos em Abraços

Obrigada pelo apoio sentido através dos comments e também no número de clics.
Rubina.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Noticias Natalícias!!!

Na noite de 24 reinava a "ansiedade, quase desespero", por um telefonema entre as famílias dos "Conakry's". Passavam alguns minutos das 23h e os telefones tocaram desde a aldeia de Sangbarala... Os telefonemas são sempre rápidos e com "delay" enorme, em que metade dos assuntos ficam perdidos nas linhas telefónicas, mas foi o suficiente para vos poder dizer que eles estão BEM, estavam a comemorar o Natal a três e com 40 graus. O que mais sobressai das curtas conversas é o fascínio que estão a sentir, estão mesmo adorar, acreditem! Segundo palavras do Nuno: "Sentimo-nos em casa"... Já podem ver como deve estar o espírito deles. Prometeram enviar textos e mais fotos para o blog, daqui a 4, 5 dias quando forem à capital Conakry. Por isso podem ir clicando porque boas novas devem estar a chegar!


Ficam aqui mais algumas fotos, ainda da viagem até Conakry para nos deliciar....
Até já*




Rubina

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Para todos....

FELIZ NATAL

E

ÓPTIMO 2008

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Já CHEGARAM!!!


A primeira fase deste projecto já está alcançada! Há cerca de 8 dias que os "conakry's" chegaram ao destino, mais rápido do que previam! As comunicações de lá para cá foram bastante atribuladas porque estiveram sem rede bastantes dias e só mais tarde, através de uma cabine telefónica, em C0nakry é que lhes foi possivél contactarem e dizerem que "já tinham chegado e que estava tudo bem, muito bem aliás"! Desde essa altura, já fizeram mais dois telefonemas relâmpagos para nos dizerem que continua tudo bem, que estão na aldeia onde vão ficar durante um mês e estão maravilhados com tudo... Por esta altura já participam em vários workshops e começaram as filmagens e o registo fotográfico sobre a cultura Malinké e tudo o que lhe está inerente. São muitos os europeus, que também se encontram por esta altura do ano na aldeia, para participarem nestas formações de percussão e de dança. Eles estão a algumas centenas de Km da capital Conakry (o único local onde poderiam ter acesso a um telefone ou internet) e segundo o Mandinho "estamos tão bem que não queremos sair daqui". Este é um dos motivos porque não temos tantas noticías no blog, mas acho que é fácil, para todos nós que também vivemos esta aventura, entender! Pediram-me que agradecesse a todos, o apoio que têm dado com mensagens, com as visitas ao blog e com o pensamento também!... obrigada!

Rubina

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Na estrada - MAURITÂNIA, quinta-feira, 29 de Novembro de 2007

Estrada nacional entre Nouakchott e Nioro


No que diz respeito a fronteiras e comparados com os mauritanos, os marroquinos são uns meninos (salvo seja). Isto para dizer que atravessar a fronteira do Sahara Ocidental com a Mauritânia não nos foi tão fácil como atravessar a de Espanha com Marrocos.
Na área marroquina (e já explico porque falo expressamente de uma área e não de um lado por exemplo) foi um pouco demorado, cerca de duas horas, mas foi tranquilo. Passamos pela revista geral de dois ”gendarmes” e um cão à nossa Aurora, por algumas questões obvias sobre a nossa passagem na região e o nosso destino, duas de letra com um agente num gabinete improvisado debaixo de um arbusto, a quem entregamos os passaportes para carimbar a saída oficial do Reino de Marrocos, e siga que se faz tarde.
Depois do último controlo marroquino entramos na terra de ninguém, e explico agora a questão das áreas que referi anteriormente: Estamos (nós, “meninos” ocidentais) habituados a ver uma fronteira como uma linha meia mista, onde os agentes da autoridade dos dois países geminados, quase à vista uns dos outros, tratam de assegurar a entrada e saída de pessoas e bens do seu país de acordo com as suas conveniências e obrigações legais. Pois bem, os marroquinos e os mauritanos andaram à estalada (ou ao tiro para ser mais preciso) até cerca de 1975 pela disputa de território no Sahara Ocidental, altura em que, e em conjunto com os espanhóis, chegaram a acordo sobre a divisão das terras. Marrocos ficou com a zona noroeste rica em minério e os mauritanos ficaram com uma faixa de areia que restava mais a sudeste. Hoje em dia as linhas de fronteira dos dois países parecem separadas por cerca de 3 kms de “terra de ninguém”, onde não há estrada e por onde se circula atrás das marcas de pneus deixadas na areia e na superfície das lages de rocha. Como aquilo não é de ninguém (naquele dia foi timidamente nosso!), ninguém investe ali um tostão que seja e por causa disso a travessia torna-se penosa por causa da grave irregularidade do piso, arriscada a desvios e um grande susto para quem ingenuamente supõe que será assim até ao Mali ou ao Senegal, ou mesmo que aquele é o padrão mauritano para uma das três rotas comercias que atravessam o deserto do Sahara para o centro de África. (Por curiosidade as outras duas rotas atravessam a Argélia, uma para o Mali e outra para o Níger e são muito pouco utilizadas por quem pretende atravessar o deserto por terra.)
Chegados à zona mauritana, passamos pelos controles habituais e apanhamos alguns sustos, principalmente porque levávamos (e ainda levamos) connosco algumas garrafas etílicas refundidas na caixa de mercadoria por cima da Aurorinha, o que atravessando uma fronteira para um país onde o álcool é proibido não é lá muito sensato. Isto despertou obviamente a atenção dos “douanes”, que depois de descobrirem que não tínhamos sido totalmente honestos quando lhes dissemos que apenas tínhamos connosco aquela garrafa de Vodka por abrir que levávamos na mala e quase à vista, desconfiados, nos revistaram o carro de alto abaixo e a cada minuto sacavam uma nova garrafa. Ora whisky, ora vodka, ora as borradinhas de bagaço e mel que nos ofereceram em Portugal (obrigado Eduardo, valeram bem a pena e ainda sobram umas 6). O ambiente azedou um pouco e os sorrisos desapareceram. Restava-nos coçar a cabeça e “rezar” para que não nos abrissem os sacos onde guardamos as câmaras nem fizessem questão de ver de que cor eram as nossas cuecas. A revista foi muito intensa, mas pouco minuciosa. Nenhum saco foi aberto e acreditaram sempre na nossa palavra no que dizia respeito ao conteúdo dos sacos. – “c’est mon bag avec mon personeles seulement.”

O Armando ainda tentou “bater o coro” de que o “Velhinho” (pai) lhe tinha enfiado umas garrafas à socapa na mala, mas o coro não colou e tivemos que desembolsar dois relógios que tínhamos levado para trocar e uma bola de andebol “três jolie” que era a única decente que levávamos para nós próprios jogarmos (essa custou perder, mas acho que nunca mais ninguém se lembrou dela depois disso).

Incoerentemente, o guarda que mais nos achincalhou e gozou por termos as garrafas connosco acabou o discurso dizendo que era melhor escondermos bem as mesmas porque elas eram proibidas no país e poderíamos ter problemas mais à frente. Duas na mala bastavam - dizia o mesmo - apenas por sermos estrangeiros e o álcool ser alegadamente para consumo (apesar de nenhum de nós se lembrar muito bem da ultima vodka que bebeu na vida). Assim fizemos. Refundimos o que tínhamos e o que não tínhamos e rumamos ao controlo seguinte, já sorridente mas com os joelhos ainda tremelicantes. Mais duas de letra no controlo seguinte, revista muito superficial, carimbo no passaporte, seguro para 5 dias e “vasi vasi á grand vitesse”.

Até Nouâdhibou que fica a cerca de 100 km da fronteira passamos por mais 2 controlos de “douanes”, mas nenhuma aldeia ou vila, 2e à chegada tínhamos tudo menos vontade de permanecer ali. Os olhares do exterior eram indiscretos e ansiavam por uma paragem nossa. Depois de todo o stress da fronteira só queríamos parar e relaxar, mas ali não! Paramos apenas o tempo necessário para dar de beber à Aurora um diesel Africano de qualidade duvidosa e comprar pão. Seguimos caminho até à capital mauritana, Nouakchott com paragem obrigatória na melhor estação de serviço por que passamos na Mauritânia até à data. Aí jantamos, dormimos e pela manhã, depois das rodagens e sessões fotográficas matutinas entre dunas, cabras e esqueletos, demos boleia ao Abd, um empregado da “stacion du service” TOTAL, que ficava em Nouakchott. Gajo porreiro o Abd. - Comprou-nos água para a viagem, fez dezenas de telefonemas onde só se entendia a palavra “portuguê” e pôs-me a falar com a namorada dele ao telemóvel mas o meu francês “c’est pas bom” e não consegui aguentar a conversa muito tempo. Ele parecia entusiasmado apesar de cauteloso com a nossa presença e no meio de toda a nossa insanidade lusitana acho que conseguiu perceber que éramos gente de bem e que estávamos tão apreensivos com a presença dele como ele estava com a nossa.




Já em Nouakchott o Abd indicou-nos o caminho até à Embaixada do Mali na Mauritânia, onde a boleia dele acabou e onde depois de conversarmos com o guarda da Embaixada percebemos que estávamos no Dia da Independência da Mauritânia e que tudo estava fechado por causa das celebrações. Má sorte a nossa. - “Só amanhã!” O Armando desolado, mas raposa velha nestas situações, abre caminho à conversa e um pouco depois, entre mulheres e futebol, já tínhamos o número do embaixador para o qual deveríamos ligar, mas sempre sem dar a entender quem nos tinha facultado tal numero. Uma hora e pouco depois já apertávamos a mão ao embaixador, explicando-lhe porque lhe pedíamos um visto de entrada para o seu país. Dominar o francês é quase imprescindível cá por baixo visto que as principais línguas utilizadas no comercio são o francês (língua dos colonizadores), o Árabe (língua da religião) e os dialectos tradicionais que variam por região e que não conhecem as fronteiras que os colonizadores ocidentais traçaram quase a régua e esquadro.

Entre calhaus e grãos de areia lá seguimos viagem, de passaporte visado na mão, a caminho do Mali. Na estrada, à entrada e saída de todas as aldeias ou cidadezinhas com direito a registo no mapa, estão sempre os controlos. Já em Marrocos era assim, mas se lá o passaporte era sempre inquestionavelmente apresentado e a sensação era desconfortável apesar dos sorrisos e da aparente boa disposição dos “gendarmes”, na Mauritânia, paradoxalmente, as figuras eram sempre mais sisudas, mas igualmente mais tranquilas no sentido em que raramente faziam muitas perguntas e foram quase tantas as vezes em que nos pediram o passaporte, como aquelas em que apenas nos perguntaram a nacionalidade para depois nos mandarem seguir, já sorrindo em tom de resposta aos nossos sorrisos.
Convém referir, até porque falamos nisso enquanto escrevo, que a Mauritânia é linda! A paisagem varia radicalmente de norte a sul e à medida que vamos descendo vamo-nos apercebendo que estamos mais próximos do coração africano. As dunas ficaram lá atrás e a sua areia deixou-nos os tripés a ranger sempre que são operados – mas as imagens, asseguro-vos, valeram a pena. Agora vemos pela frente planícies rasgadas por singulares montanhas, a terra está mais escura e avermelhada e é fácil encontrar o que parecem ser rochas ferrosas relativamente grandes, vegetação esporádica e pessoas simpáticas apesar de receosas com a nossa presença. Já paramos várias vezes na estrada para perguntar direcções, oferecer umas roupinhas à canalha e sacar uns “shots” com as câmaras em locais remotos, já fomos convidados a entrar em tenda alheia, mas também já tivemos que dizer nãos menos sorridentes. O Mandinho está um profissional do tripé e eu e o Ricardo já temos o olho mais aguçado para o que é realmente importante ou redundante registar. Agora que estamos a ficar ambientados ao clima, às paisagens e às gentes lembramo-nos que daqui a dois dias estamos novamente noutro país e tudo recomeça. Comemos sempre bem, apesar de nem sempre o fazermos a horas e os banhos têm sido com regularidade intermitente - dois até à data. Estamos no Sul da Mauritânia a caminho de Nioro, já no Mali. Quando lerem isto já deveremos estar no Mali à procura do visto para a Guiné Conakry, nosso primeiro destino, ou, quem sabe, já às portas do mesmo. Temos andado pouco em comparação com o que gostaríamos de andar, mas estamos adiantados em relação às previsões que fizemos em Portugal. Temos saudades, mas não queremos pensar muito nisso, porque ainda nos falta muita estrada, muita malga de cereais e muitos pratos tradicionais pelo caminho, mas seguramente estamos cheios de força e cada vez mais fortes para o que ainda nos espera!



Para Portugal enviamos beijos, abraços e sorrisos
mais morenos e mais suados, mas também muito mais intensos....




Texto: Nuno Ribeiro
Fotos: Ricardo Leal
Assistente de câmaras: Armando Santos

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

SAAHARA

“Se todas as pessoas pensassem de um ponto de vista artístico deixavam de pensar com a cabeça e passavam a pensar com o coração!”
OSCAR WILD

Olá…pela primeira vez escrevo desde o início da aliciante caminhada ao longo deste efervescente continente, ao mesmo tempo, tão rico e tão pobre…feito por aqueles que o constroem e o destroem. Ainda não sei ao certo se eles o “desconstroem” por necessidade, desespero ou preguiça….são vaidosos e riem-se por vontade reduzem as necessidades em prol de uma vaidade desmedida mas digna. Nós, vaidosos por inveja, achamo-nos necessitados do que não necessitamos mais, e então “o que move a VONTADE?...o que queremos ou o que gostaríamos de querer?...o que somos ou o que gostaríamos de ser?...o que vemos ou o que gostaríamos de ver?”…
Cá para mim, acho tudo pertinente, acima de tudo, o orgulho do que já se “É” pela vontade do que ainda se pode vir a “SER”…Porém, aqui o ritmo é tão preguiçoso quanto as vontades, são como dois imensos curiosos sem ferro para poisar; são duas faces da mesma moeda, contudo, faces do mesmo lado…e agora, “sendo estas gentes, à partida, mais necessitadas que todos nós, porque temos então mais necessidades do que eles? Que consciência temos a mais ou a menos…qual estará mais certa ou mais errada…e que diferença fará essa consciência mais acertada para a resolução dos problemas desta “pobre moedita azulada” que aos poucos vai perdendo a sua cor…e será que esses problemas existem ou serão criações daquelas cabeças minadas por trocos a custo zero?”…não sei…infelizmente os problemas existem, mas….não podemos continuar; nós “capitalistoconsumistas”; a querer receitar, por sintoma, as necessidades que não sentimos…aqui a administração “destas coisas” tem de ser feita em consonância com o ritmo cardíaco destas pessoas, que sentem…e bem!

























Será assim mais “justo” pedir que por todo a parte todos vivam com a consciência, possível, das necessidades e principalmente da importância que é ter necessidades mas, ainda mais importante será viver por vontades e espalhar sorrisos, receber e dar vida porque, antes de mais, somos todos frutos da mesma arvore, que tem raízes mais profundas que a nossa cultura, as mentalidades ou a nossa religião (quanto a esta ultima, acho que cada um devia construir a sua).
As mesmas raízes esforçadas, que jamais podem secar, pedem que “frutos” caiam para continuar a enriquecer o solo que as raízes procuram prender…mas não podem cair sempre os mesmos! …temos aprender a “cair” para continuar a enriquecer a TERRA. Temos que nos sujeitar em vez de apelar ao “Sujeito”; retirando frutos, protegendo as diferenças culturais e “amamentando” as pontes em vez dos muros…sorriam estão de olho em vós e o que fazemos aos outros volta de novo a nós…e volta a dobrar!
Dá que pensar…Já naturalmente muitas vezes tinha eu pensado sobre todas estas coisas boas para preencher o espírito a diferença é que nunca as tinha verdadeiramente escrito na pele…sintam, experimentem, partilhem…vão ver que não dói nada. J ;)


Um Gandabraço meu e outro aqui do Sahara Ocidental.


























Rumo ao sul de coração aberto e olhar atento…velocidade cruzeiro 100km/h!

««Aqui vamos nós ao sabor do vento…


TEXTO: Ricardo Leal


terça-feira, 27 de novembro de 2007

Agadir - MARROCOS, quarta-feira, 24 de Novembro de 2007 (Estrada nacional entre Marrakesh e Agadir)

Acompanhados pela chuva...


Encontramo-nos a percorrer a estrada nacional entre Marrakesh e Agadir às 08:15 da manhã. Tudo corre com a normalidade prevista para esta região excepto a chuva intermitente e irritante que insiste em nos acompanhar. Intermitente porque vai e vem como o chá de menta que tanto apreciamos e irritante porque nos acompanha dentro e fora da Aurora. Chove lá fora, pinga cá dentro pelas frinchas das portas de trás e pela luz de presença junto ao retrovisor (cocas, essa cola não vale baralho! - eheh). Pior que isso só mesmo a avaria no limpa pára-brisas que nos impede de conduzir com chuva mais intensa. Já reparamos o dito mais de 20 vezes, mas a mesma peça desencaixa sempre no mesmo sítio… Ou bem que o limpamos à mão, com o braço esticado a segurar nas escovas, ou bem que parámos para esperar que passe. Também quem haveria de dizer que viríamos a Marrocos levar com chuva desta natureza? Estávamos preparados para o calor, a areia, o deserto, a subnutrição e a malária, mas nunca sentimos necessidade de nos acautelar minimamente com a chuva. Pois bem, nesta fase da viagem tem sido o nosso maior arrependimento. Não trouxemos guarda-chuva, o Armando não trouxe botas e arrumou com as únicas sapatilhas que trouxe no segundo dia por causa da lama, o Leal e eu trouxemos um saquinho- cama de verão, e os casacos que trouxemos apesar de quentes não abundam. E como se não bastasse mandamos tirar a sofage do carro em Viana por causa dos problemas que ela poderia dar no aquecimento do carro. – Só ninguém nos falou no arrefecimento que se faria sentir em Marrocos! E acreditem que os 12º marroquinos não são como os 12º portugueses.


Para além da chuva, é de salientar as voltas que ainda demos em busca do consulado da Mauritânia em Marrocos que pensávamos ser em Marrakesh, mas que afinal era em Casablanca e onde depois de lá chegarmos encontramos um aviso que nos remetia para Rabat (por onde tínhamos passado no dia anterior), onde nos poderíamos então encontrar com o cônsul da Mauritânia em Marrocos. Depois disto limitamo-nos a sorrir ironicamente uns para os outros e a apanhar um taxi da “falsa” embaixada para o Sheraton Hotel (à frente do qual tínhamos estacionado a Aurora). Sem perder mais tempo rumamos novamente em direcção Rabat.

Entramos na cidade com a chuva e claro, sem o limpa pára-brisas, e estacionamos no primeiro sitio que encontramos. Fomos de Táxi até à embaixada e depois de o próprio taxista de ter desorientado lá encontramos o chalet do embaixador. – “Visas seulement demain, pour la matin”, diz-nos o porteiro. Cabisbaixos, descobrimos sozinhos (ou quase), o caminho de volta para onde tínhamos deixado a Aurora. Arranjamos-lhe novo poiso nos jardins em frente ao Hilton Hotel (já na noite anterior tínhamos ficado em frente ao Sheraton em Casablanca. – de classe alta esta viagem!) e jantamos por casa enquanto tentávamos frustradamente reparar o mal fadado limpa pára-brisas.
- Cigarrinho e cama! Ao acordar a principal preocupação eram os vistos, visto ser sexta-feira e já nos sentirmos demasiado atrasados em relação ao que tínhamos previsto. No gabinete do embaixador foi-nos dito pelo mesmo, entre sorrisos, que os vistos só estariam prontos na segunda-feira visto a embaixada fechar todos os dias depois de almoço. – Desolamos completamente. Mas depois de alguns sorrisos em resposta e uns olhares tristes e desolados acrescidos de algumas justificações pelos atrasos (vimos de Portugal e vamos muito para além da Mauritânia, perdemo-nos duas vezes e tal…) lá conseguimos que o senhor embaixador nos mandasse à ultima porta ao fundo do corredor e caso não estivessem muito ocupados por lá talvez nos conseguissem o visto para o meio-dia e meio. Mal entramos senti-me aliviado porque o senhor que lá estava encontrava-se refastelado a ler o jornal e não parecia haver muito trabalho pendente. Como tínhamos íamos da parte do embaixador a coisa foi rápida. Mais duas palavrinhas com a secretária e tínhamos ordem para ir buscar os vistos às 12:30 do mesmo dia! Estávamos satisfeitos, mais do que satisfeitos, estávamos radiantes!!!




Saímos então da embaixada e fomos dar uma volta para comprar uma fruta e uns filtros de ar para a nossa “Aurorinha” e aproveitar para registar algumas imagens de Marrocos. Afinal de contas estávamos em Rabat – a Capital de Marrocos. O Leal ainda registou umas coisas, eu nem tanto. Depois de indiscretamente ter filmado um senhor que trabalhava numa oficinazinha, virei a esquina e enquanto filmava uns serralheiros que sorriam e posavam para a câmara dobra a mesma esquina o primeiro senhor, irritadíssimo por eu não lhe ter pedido autorização para filmar, o que também me irritou porque ele viu-me filmá-lo e não disse nada continuando a trabalhar, e só depois de eu me afastar veio no nosso encalço. Bastava-lhe ter dito que eu teria parado, e bastava-me ter pedido que ele teria deixado – ou não! Após alguma discussão e alguns pedidos de desculpa lá viemos embora. Refugiámo-nos em mais um chá de menta no terraço de mais um café.


Está frio, enevoado, húmido, molhado até, mas salva-nos esta boa disposição e atitude que não nos deixam desanimar. Nem mesmo com adversidades tão inesperadas como a chuva marroquina!



Texto: Nuno Ribeiro

Fotos: Ricardo leal
Chaufer: Armando Santos

sábado, 24 de novembro de 2007



Rabat - MARROCOS, quarta-feira, 21 de Novembro de 2007
(Auto-estrada entre Kenitra e Rabat)



Olá a todos. Pedimos desculpa pelo atraso na escrita, mas só agora tivemos tempo de recuperar da bebedeira psicológica que uma viagem deste género representa para os três. Escrevemos a partir da Aurora, nome com que baptizamos a carrinha que nos vai servir de transporte e abrigo nos próximos 3 meses e encontramo-nos a percorrer a auto-estrada que liga Kenitra a Marrakesh onde vamos pedir os vistos de entrada na Mauritânia.







Desde Viana do Castelo até aqui fizemos cerca de 1.500 km e a viagem correu bem, apesar de alguns contratempos como a chuva intensa e o rebentamento de uma correia com defeito, problema este que foi prontamente resolvido na oficina mais próxima – a Auto Alexandre, algures pelo Algarve, onde fomos logo reconhecidos pelo senhor que trouxe de encomenda expresso as nossas correias à oficina. Depois de três horas de repouso forçado retomamos caminho e jantamos em Vila Real de Santo António, num restaurante grande, vazio, com um aquário de água salgada e um senhor de aspecto peculiar a servir à mesa.




Arrancamos depois para Algeciras, mas não conseguimos evitar umas horas de repouso, este novamente forçado - mas desta vez pelo cansaço, algures na Auto Pista a poucas horas do porto de Algeciras. Dormimos umas horas, meios tortos dentro do carro ainda mal acondicionado e depois de acordar partimos então para Algeciras onde apanhamos o ferry do meio-dia. Trinta e cinco minutos depois pousávamos os pneus da Aurora em África pela primeira vez! (Gostamos muito!)














Entrados em Africa a rota só podia ser uma: a todo o vapor para Chefchaouen onde chegamos ao final da tarde de ontem. Depois de darmos entrada no parque de campismo descemos à Medina para jantar. E que bem jantamos....

Vale a pena referir que em Marrocos não chovia há oito meses, mas choveu desde que entramos no país até agora e este mau tempo não parece querer acalmar. Isto poderá ser um problema visto que a Aurora não aceitou bem o transplante das duas portas traseiras que lhe metemos, recuperadas de um carro que encontramos para abate, e pelas frinchas das mesmas mete água como um coador. Pinga certinho cá dentro, mas só quando a chuva nos bate a vento e dos lados. Parados não metemos água, mas também não andamos… E nós queremos é andar!! Estávamos preparados para tudo, menos para a chuva!

Ganhamos coragem e debaixo do chuveiro celestial arrancamos à hora de almoço para Rabat e neste preciso momento encostamos numa estação de serviço para esticar as pernas e beber um cházinho. Vou aproveitar a oportunidade para desligar o portátil e terminar este texto… Quando chegarmos a Marrakesh procuraremos um cyber-tasco para descarregar os textos e as fotos.

Para já tudo bem, sem nada de grave a declarar. Mais tarde falaremos do que vamos sentindo, para já ficamo-nos por onde temos andado.

- Obrigado pelas mensagens, às vezes parece que não estamos longe! (e realmente ainda não estamos...)

Texto: Nuno Ribeiro.
Fotos: Ricardo Leal
Chaufer: Armando Santos

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Já estão em Marrocos!


Os três aventureiros vianenses passaram hoje para o outro lado e já estão em Marrocos desde o inicio da tarde... estão BEM e o carro está a comportar-se como uma "verdadeira máquina". Hoje vão jantar em Chefchaouen e depois seguem viagem. Com a ausência de fotos, para já, fica esta ilustração com o deserto de fundo.
Que a * os acompanhe nos km que ainda faltam...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Podem mandar SMS...

Há última da hora até decidiram levar tlm com rooming! Em principio terão sempre rede excepto na Guné Conacri porque não há antenas. Até lá quem quiser pode mandar SMS, mas só sms, porque eles recebem ser ter de pagar nada por isso.Já as chamadas são carissimas para fazer ou receber.
Aqui vai o número que os acompanha: (+351) 964845562

Finalmente a partida....BOA SORTE!




Já passavam 30 m das 19h, ontem, dia 18 de Novembro, quando os três aventureiros chegaram no carro às instalações da RB Motor. Á espera estavam muitos amigos e familiares... entre muitas risada, brincadeiras ainda assinaram o carro , deixando mensagens de boa sorte. A verdadeira partida aconteceu quando faltavam alguns minutos para as três da manhã. muita ansiedade e lá foram eles ao volante de peugeot 501 todo apetrechado para esta aventura! Que os "deuses" os acompanhem e os tragam de volta, recheados de experiências, conhecimentos... Por esta altura estão eles em Vila Real de Stº António, ja com as novas correias mudadas... 1º percalço já ultrapassado! SIGA... até África




sábado, 27 de outubro de 2007

Concerto MADANDZA de apoio à viagem


Os MADANDZA oferecem um concerto seu a este projecto, dando a oportunidade a todos de, de uma forma singular e convidativa, contribuirem para o apoio desta viagem.


O concerto custa 5€ e este valor reverte inteiramente para o auxilio a esta viagem e a todo este projecto. Tem lugar no dia 31 de Outubro, quarta-feira e véspera de feriado no Auditório da Região de Turismo do Alto Minho, no Forte S. Tiago da Barra em Viana do Castelo.



Estão todos convidados a assistir a uma pequena amostra do que nos "arriscamos" a encontrar em Conakry e Sangbaralla, quando atingirmos o nosso destino.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Num 505 de Viana até Conakry!!




Três Vianense partem no dia 18 de Novembro de 2007 de Viana do Castelo para a Guiné Conakry num Peugeot 505!




A ideia desta viagem surgiu-nos há pouco mais de um mês, através de um desafio lançado pelo Billy Nankouma Konaté (mestre de Djembé) e figura impar da cultura Malinké, com a participação de Famoudou Konaté e Fadouba Oularé (um dos mais conceituados mestres da música Malinké), que nos mostrou a sua vontade de registar através de um documentário as origens do Djembé, música tradicional "MALINKÉ" e tudo o que está inerente.

Esta preocupação advém do facto destas tradições culturais estarem a sofrer alterações provocadas pelas as novas gerações.

Uma aventura de dois meses que começa em Viana do Castelo, seguindo-se Espanha, Marrocos, Mauritânia, Senegal, Gambia, Guiné-Bissau, até à Guiné Conakry.



Iremos permanecer cerca de um mês na capital Conakry e teremos acesso a rituais religiosos, familiares e de culto, alguns antes inacessíveis aos olhares de curiosos.

O nosso interesse cultural neste projecto prende-se com o facto de o Djembé ser um dos instrumentos mais antigos de que há conhecimento. É no interior da Guiné Conakry que residem todas as raízes e evoluções deste instrumento, que entretanto se espalhou por todo mundo, inclusive na Europa. Queremos perpetuar estas raizes e toda esta essência na sua mais profunda pureza.


Bijagós - Guiné Bissau, Abr'06 (Nuno Ribeiro)


Este é um projecto de investigação e essencialmente de conhecimento, ao qual nos propomos em levar o nome da cidade de Viana do Castelo e de Portugal por vários países, ao encontro de culturas e à descoberta de laços culturais perdidos.

Fevereiro é o mês apontado para a chegada a Viana do Castelo (data a confirmar posteriormente) e nesta altura já tereremos percorrido 12 mil quilómetros e consumido 1200 litros de gasóleo.




Equipa:



RB Motor, Viana do Castelo - Out'2007

(à esquerda) Armando Santos, de 29 anos, licenciado em Educação Física e Desporto e professor e estudante de percussão africana.

(a meio) Nuno Ribeiro, 26 anos, licenciado em Cinema e Vídeo.

(à direita) Ricardo Leal, 25 anos e licenciado em Fotografia.

(por baixo) Peugeot 505, 21 anos, 2200cc e 140.000 Kms.

ANTES RB Motor, Viana do Castelo - Out'2007

DEPOIS RB Motor, Viana do Castelo - Nov'2007


O projecto tem sido bem aceite pela Comunicação Social Regional e Nacional que nos ajudam a promover este trabalho. No nosso entender este espaço dado nos media é imporante e fundamental para conseguirmos motivar as empresas e todos os interessados a estarem presentes como nossos parceiros neste projecto.


DN

Rádio Geice

Lusa

TVI

TV Viana

Sic Radical, presença no programa Curto Circuito, dia 23 de Outubro


Estamos em fase de angariação de apoios para concretizar este projecto.



Toda a ajuda é bem-vinda e significativa!



(material de video, material fotográfico, combustível, produtos de suporte à viagem)




Esperamos que o sucesso desta viagem seja proporcional à nossa força e à nossa vontade de lutar para percorrermos todos estes caminhos. Para absorvermos os pormenores, sentirmos os cheiros e as gentes... Para trazermos muito mais do que levamos!

Partimos cheios de vontade de conhecer, de trocar e partilhar experiências, sempre a mutiplicar. Pois a nossa força passa muito por acreditarmos que para além de nós, este projecto enriquece sempre mais alguém!


Agradecemos o apoio imprescindivel de todos os que acreditam como nós neste projecto!


Dakar, Dez'05 (Armando Santos)