
Que o NOVO ANO vos traga dois presentes: uma borracha para apagar o que de mal aconteceu em 2007 e um lápis de cor para pintar 2008. Bom Ano.
Este Blogue é criado com o objectivo de promover, divulgar e acima de tudo PARTILHAR uma viagem de carro desde Viana do Castelo em Portugal até Conakry na Guiné Conakry. Três amigos que se juntam para realizar um documentário e um arquivo fotográfico sobre a música tradicional Malinké. Comprado o Peugeot 505 e o restante equipamento... partimos numa jornada com cerca de 12.000Kms, 7 países e mais seis meses! Acompanha a par e passo esta aventura.
Que o NOVO ANO vos traga dois presentes: uma borracha para apagar o que de mal aconteceu em 2007 e um lápis de cor para pintar 2008. Bom Ano.
Estrada nacional entre Nouakchott e Nioro
No que diz respeito a fronteiras e comparados com os mauritanos, os marroquinos são uns meninos (salvo seja). Isto para dizer que atravessar a fronteira do Sahara Ocidental com a Mauritânia não nos foi tão fácil como atravessar a de Espanha com Marrocos.
Na área marroquina (e já explico porque falo expressamente de uma área e não de um lado por exemplo) foi um pouco demorado, cerca de duas horas, mas foi tranquilo. Passamos pela revista geral de dois ”gendarmes” e um cão à nossa Aurora, por algumas questões obvias sobre a nossa passagem na região e o nosso destino, duas de letra com um agente num gabinete improvisado debaixo de um arbusto, a quem entregamos os passaportes para carimbar a saída oficial do Reino de Marrocos, e siga que se faz tarde.
Depois do último controlo marroquino entramos na terra de ninguém, e explico agora a questão das áreas que referi anteriormente: Estamos (nós, “meninos” ocidentais) habituados a ver uma fronteira como uma linha meia mista, onde os agentes da autoridade dos dois países geminados, quase à vista uns dos outros, tratam de assegurar a entrada e saída de pessoas e bens do seu país de acordo com as suas conveniências e obrigações legais. Pois bem, os marroquinos e os mauritanos andaram à estalada (ou ao tiro para ser mais preciso) até cerca de 1975 pela disputa de território no Sahara Ocidental, altura em que, e em conjunto com os espanhóis, chegaram a acordo sobre a divisão das terras. Marrocos ficou com a zona noroeste rica em minério e os mauritanos ficaram com uma faixa de areia que restava mais a sudeste. Hoje em dia as linhas de fronteira dos dois países parecem separadas por cerca de 3 kms de “terra de ninguém”, onde não há estrada e por onde se circula atrás das marcas de pneus deixadas na areia e na superfície das lages de rocha. Como aquilo não é de ninguém (naquele dia foi timidamente nosso!), ninguém investe ali um tostão que seja e por causa disso a travessia torna-se penosa por causa da grave irregularidade do piso, arriscada a desvios e um grande susto para quem ingenuamente supõe que será assim até ao Mali ou ao Senegal, ou mesmo que aquele é o padrão mauritano para uma das três rotas comercias que atravessam o deserto do Sahara para o centro de África. (Por curiosidade as outras duas rotas atravessam a Argélia, uma para o Mali e outra para o Níger e são muito pouco utilizadas por quem pretende atravessar o deserto por terra.)
Chegados à zona mauritana, passamos pelos controles habituais e apanhamos alguns sustos, principalmente porque levávamos (e ainda levamos) connosco algumas garrafas etílicas refundidas na caixa de mercadoria por cima da Aurorinha, o que atravessando uma fronteira para um país onde o álcool é proibido não é lá muito sensato. Isto despertou obviamente a atenção dos “douanes”, que depois de descobrirem que não tínhamos sido totalmente honestos quando lhes dissemos que apenas tínhamos connosco aquela garrafa de Vodka por abrir que levávamos na mala e quase à vista, desconfiados, nos revistaram o carro de alto abaixo e a cada minuto sacavam uma nova garrafa. Ora whisky, ora vodka, ora as borradinhas de bagaço e mel que nos ofereceram em Portugal (obrigado Eduardo, valeram bem a pena e ainda sobram umas 6). O ambiente azedou um pouco e os sorrisos desapareceram. Restava-nos coçar a cabeça e “rezar” para que não nos abrissem os sacos onde guardamos as câmaras nem fizessem questão de ver de que cor eram as nossas cuecas. A revista foi muito intensa, mas pouco minuciosa. Nenhum saco foi aberto e acreditaram sempre na nossa palavra no que dizia respeito ao conteúdo dos sacos. – “c’est mon bag avec mon personeles seulement.”O Armando ainda tentou “bater o coro” de que o “Velhinho” (pai) lhe tinha enfiado umas garrafas à socapa na mala, mas o coro não colou e tivemos que desembolsar dois relógios que tínhamos levado para trocar e uma bola de andebol “três jolie” que era a única decente que levávamos para nós próprios jogarmos (essa custou perder, mas acho que nunca mais ninguém se lembrou dela depois disso).
Incoerentemente, o guarda que mais nos achincalhou e gozou por termos as garrafas connosco acabou o discurso dizendo que era melhor escondermos bem as mesmas porque elas eram proibidas no país e poderíamos ter problemas mais à frente. Duas na mala bastavam - dizia o mesmo - apenas por sermos estrangeiros e o álcool ser alegadamente para consumo (apesar de nenhum de nós se lembrar muito bem da ultima vodka que bebeu na vida). Assim fizemos. Refundimos o que tínhamos e o que não tínhamos e rumamos ao controlo seguinte, já sorridente mas com os joelhos ainda tremelicantes. Mais duas de letra no controlo seguinte, revista muito superficial, carimbo no passaporte, seguro para 5 dias e “vasi vasi á grand vitesse”.
Até Nouâdhibou que fica a cerca de 100 km da fronteira passamos por mais 2 controlos de “douanes”, mas nenhuma aldeia ou vila, 2e à chegada tínhamos tudo menos vontade de permanecer ali. Os olhares do exterior eram indiscretos e ansiavam por uma paragem nossa. Depois de todo o stress da fronteira só queríamos parar e relaxar, mas ali não! Paramos apenas o tempo necessário para dar de beber à Aurora um diesel Africano de qualidade duvidosa e comprar pão. Seguimos caminho até à capital mauritana, Nouakchott com paragem obrigatória na melhor estação de serviço por que passamos na Mauritânia até à data. Aí jantamos, dormimos e pela manhã, depois das rodagens e sessões fotográficas matutinas entre dunas, cabras e esqueletos, demos boleia ao Abd, um empregado da “stacion du service” TOTAL, que ficava em Nouakchott. Gajo porreiro o Abd. - Comprou-nos água para a viagem, fez dezenas de telefonemas onde só se entendia a palavra “portuguê” e pôs-me a falar com a namorada dele ao telemóvel mas o meu francês “c’est pas bom” e não consegui aguentar a conversa muito tempo. Ele parecia entusiasmado apesar de cauteloso com a nossa presença e no meio de toda a nossa insanidade lusitana acho que conseguiu perceber que éramos gente de bem e que estávamos tão apreensivos com a presença dele como ele estava com a nossa.
Para Portugal enviamos beijos, abraços e sorrisos
mais morenos e mais suados, mas também muito mais intensos....
Texto: Nuno Ribeiro
Fotos: Ricardo Leal
Assistente de câmaras: Armando Santos
Acompanhados pela chuva...
Está frio, enevoado, húmido, molhado até, mas salva-nos esta boa disposição e atitude que não nos deixam desanimar. Nem mesmo com adversidades tão inesperadas como a chuva marroquina!
Texto: Nuno Ribeiro
Texto: Nuno Ribeiro.
Fotos: Ricardo Leal
Chaufer: Armando Santos
A ideia desta viagem surgiu-nos há pouco mais de um mês, através de um desafio lançado pelo Billy Nankouma Konaté (mestre de Djembé) e figura impar da cultura Malinké, com a participação de Famoudou Konaté e Fadouba Oularé (um dos mais conceituados mestres da música Malinké), que nos mostrou a sua vontade de registar através de um documentário as origens do Djembé, música tradicional "MALINKÉ" e tudo o que está inerente.
Esta preocupação advém do facto destas tradições culturais estarem a sofrer alterações provocadas pelas as novas gerações.
Uma aventura de dois meses que começa em Viana do Castelo, seguindo-se Espanha, Marrocos, Mauritânia, Senegal, Gambia, Guiné-Bissau, até à Guiné Conakry.
Iremos permanecer cerca de um mês na capital Conakry e teremos acesso a rituais religiosos, familiares e de culto, alguns antes inacessíveis aos olhares de curiosos.
O nosso interesse cultural neste projecto prende-se com o facto de o Djembé ser um dos instrumentos mais antigos de que há conhecimento. É no interior da Guiné Conakry que residem todas as raízes e evoluções deste instrumento, que entretanto se espalhou por todo mundo, inclusive na Europa. Queremos perpetuar estas raizes e toda esta essência na sua mais profunda pureza.
Bijagós - Guiné Bissau, Abr'06 (Nuno Ribeiro)
Este é um projecto de investigação e essencialmente de conhecimento, ao qual nos propomos em levar o nome da cidade de Viana do Castelo e de Portugal por vários países, ao encontro de culturas e à descoberta de laços culturais perdidos.
Fevereiro é o mês apontado para a chegada a Viana do Castelo (data a confirmar posteriormente) e nesta altura já tereremos percorrido 12 mil quilómetros e consumido 1200 litros de gasóleo.
Equipa:
RB Motor, Viana do Castelo - Out'2007
(à esquerda) Armando Santos, de 29 anos, licenciado em Educação Física e Desporto e professor e estudante de percussão africana.
(a meio) Nuno Ribeiro, 26 anos, licenciado em Cinema e Vídeo.
(à direita) Ricardo Leal, 25 anos e licenciado em Fotografia.
(por baixo) Peugeot 505, 21 anos, 2200cc e 140.000 Kms.
ANTES RB Motor, Viana do Castelo - Out'2007
DEPOIS RB Motor, Viana do Castelo - Nov'2007
O projecto tem sido bem aceite pela Comunicação Social Regional e Nacional que nos ajudam a promover este trabalho. No nosso entender este espaço dado nos media é imporante e fundamental para conseguirmos motivar as empresas e todos os interessados a estarem presentes como nossos parceiros neste projecto.
DN
Rádio Geice
Lusa
TVI
TV Viana
Sic Radical, presença no programa Curto Circuito, dia 23 de Outubro
Estamos em fase de angariação de apoios para concretizar este projecto.
Toda a ajuda é bem-vinda e significativa!
(material de video, material fotográfico, combustível, produtos de suporte à viagem)
Esperamos que o sucesso desta viagem seja proporcional à nossa força e à nossa vontade de lutar para percorrermos todos estes caminhos. Para absorvermos os pormenores, sentirmos os cheiros e as gentes... Para trazermos muito mais do que levamos!
Partimos cheios de vontade de conhecer, de trocar e partilhar experiências, sempre a mutiplicar. Pois a nossa força passa muito por acreditarmos que para além de nós, este projecto enriquece sempre mais alguém!
Agradecemos o apoio imprescindivel de todos os que acreditam como nós neste projecto!
Dakar, Dez'05 (Armando Santos)
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