domingo, 2 de março de 2008

MANIFESTO AO BIGODE

Sábado, 9 Fevereiro de 2008, (15:00h)

Quando começámos esta viagem nem eu nem os meus compinchas engendrávamos o que estávamos prestes a assumir, a responsabilidade era muita e desmesurada e o perigo arriscado, pois poderíamos gostar tanto que nunca mais voltaríamos a trás. Não é fácil, não podíamos, de ânimo leve, mudar a nossa vida desta maneira; Uii…e a minha querida Mãezinha o que haveria de dizer. Matutamos e aos poucos fomos assumindo a responsabilidade sem retorno, quase como um pacto de sangue, sem cortes profundos mas que inevitavelmente deixará as suas marcas.
Piamente, não acredito que nenhum de nós não o sinta da mesma forma, intensa e afectiva, que ate ao momento já leva para cima de dois meses e meio de intenso convívio. São sensações que se partilham em sintonia cronometrada, são sorrisos temperados a duas mãos, são pensamentos aconchegados em movimentos que sistematizam o estilo pessoal de cada um. E depois daqui nada volta a ser como outrora; é como ter o 1º filho, muda-nos a vida nem que não queiramos; e tudo passa de pronto para segundo plano. O que parecia ridículo e démodé ascende de repente a património pessoal e passa a ser a prata da casa.
É incrível quando por vezes temos a faculdade, e a destreza, de mudar radicalmente de opinião de forma tão natural e arrebatada, e se antes poderíamos ser contra agora ninguém nos pode garantir que não possamos ser a favor. E é assim a vida, prega-nos constantemente partidas e reforma-nos a face à imagem do mundo, e o que vamos conhecendo vai-nos sempre influenciar no correr das nossas escolhas, e é por isso que cada um deve sempre ver e conhecer o mais possível para melhor saber escolher.


Estilos não faltam, temos os esguios, os rebeldes, os estilosos e os certinhos, os nacionalistas e os vanguardistas, os claros e os escuros, os grossos e os fininhos, os originais e as imitações…e por isso é importante saber escolher.
Não é fácil mas também não é difícil, no fundo, o que eu acho é que não é para todos…nem todos têm apetência para tal, e só apetência também não chega, é preciso ter alguma reponsabilidade e, acima de tudo, muita consciência. Não podemos ser individualistas e por em causa a afirmação que levou anos a conquistar e que deu trabalho até ascender a património sagrado da humanidade em cada um. Mas estas coisas são mesmo assim, sagradas para alguns e ridículas para os demais. Temos de ser fiéis a nós próprios e não nos envergonharmos dele, porque tenho a certeza que é fiel o suficiente para jamais nos abandonar. Pelo menos ate que nós assim o queiramos, nunca nos deixará ficar mal nem tão pouco nos faltará ao respeito, é mais fiel que um cão e mais companheiro que um cavalo, tem personalidade e precisa de atenção. Por vezes chega a ter mais personalidade que o próprio portador, há pessoas que não são conhecidas pelos seus feitos, pelo seu passado, ou pelo seu QI, não…estas são conhecidas pelo seu mais que tudo.
Há quem diga que é símbolo nacional e característica de muitos portugueses espalhados por esse mundo fora, há quem diga também que é a marca de uma geração que é a bandeira de uma década. Mas deixando de fora o debate, eu cá acho que é algo com história que já foi reverenciada em variadas teses de mestrado espalhadas por esses quatro cantos.
Ainda sem enciclopédia ou dicionário é algo que não pode ser deixado ao acaso ás portas da extinção, é preciso recuperar aos poucos, e nisso os portugueses têm muita responsabilidade. Há quem pronuncie que aos Tugas assenta como ninguém e há outros, estes mais invejosos, que proferem que na época nos aproveitamos dele e que agora ajudamos a que pincele no esquecimento…sim eu falo do BIGODE…


Se o movimento artístico DADA, que surgiu em Zurick no século XIX teve direito a um manifesto, e se a esse movimento quando nasce já lhe estava talhada a sua extinção porque não pode ter o bigode também o seu manifesto e ainda para mais a partir de Sangbarala em direcção ao mundo?!
Ter um bigode não é pêra doce, é arriscado, e a educação de um bigode dá algum trabalho e dedicação. Se nos desleixarmos podemos arriscar o nosso bigode a ficar rebelde e espigado, com pontas soltas e riçadas, o que é um perigo, e é por estas e outras razões que um manifesto não só é importante para proliferar a palavra e o movimento “Bigote” mas também para explicar os cuidados a ter com a utilização de um bigode malandro.
Primeiro passo: há que ter muito amor e carinho e não se pode começar a deixar crescer um bigode por obrigação. Ele vai sentir a rejeição e aí será o 1º passo até à rebeldia desmesurada e o descontrolo jamais será controlado. Nos primeiros tempos convêm deixa-lo botar corpo e acamar em cima do lábio superior de forma bem desenhada para constatar o seu estilo próprio, e só depois se poderá começar a dar uma forma mais personalizada.


Segundo passo: há que arranjar um pente de dentes finos e macios para desembaraçar todas as manhas e após todas as refeições o nosso “mustashinho”. O pente será, a par do carité, o utensílio mais importante para o cultivo de um bom bigode. Cada utilizador deverá fazer-se acompanhar sempre de um pente, com estas características, e de um frasquinho de carité; (produto esse ao nível da soja e do aloé vera, quer isto dizer, quando foram descobertos comercialmente foram logo sugados ate ao tutano e de anónimos passaram a matéria prima mais usada no mercado de todo o género e feitio, modas) …mas aqui não se fala de moda pois um bom bigode não é de agora, falamos de um movimento impulsionador de manifesta admiração e afeição…e no fundo o carité até hidrata efectivamente a pelugem engrossada de um bigode malandro às portas da rebelião. Estou a pensar em criar um clube que, em consonância com o manifesto, levariam o bigode ao pedestal que é seu por direito…
”Os Unidos ao Bigode”…o nome parece-me bem e nele podemos ler “unidos e bigode”. Unidos leva-nos pensar de imediato num núcleo, numa concentração de esforços ou se não for de esforços pelo menos de ideais que se unem à causa “o que é usar um bigode”, que será a característica comum de todo o associado.
Seria uma associação sem fins lucrativos, que desse apenas para pagar as despesas de utilização do bigode e já agora umas cervejas de vez enquanto, desde que essas não pusessem em causa o brilho e a suavidade do mesmo.
Na associação não haveria cotas a pagar mas seria imposto a apresentação semanal do bigode, com termo de identidade e residência, junto daquela que regularia o núcleo onde só seriam admitidos bigodes com mais de 1 cm de extensão capilar.
O dia da nossa chegada seria escolhido como o 1º dia de exercício de nossa associação que para festejar o nosso regresso organizaria uma jantarada onde só seriam admitidas meninas bonitas e homens de bigode (com mais de um centímetro de comprimento). E o apelo está lançado, na nossa chegada queremos encher de bigodes rebeldes o restaurante que abraçará esta causa, e por cada bigode rebelde queremos ter 3 meninas bonitas para domar tanta concentração de ponta espigada. Queremos ter variedade de estilos e convidados de honra com mais de 10 anos de bigode ao peito (Paizão estás convidado) …queremos impulsionar novamente o charme e o requinte que só um bigode pode proporcionar e recuperar com iniciativas o brilho e a magia que vingavam no antigamente!



Contamos convosco e com o vosso bigode!!!...Talvez continue….


Um gandabraço e uma gandabeijoca!!!...

Até breve…

Texto: Ricardo Leal

7 comentários:

Anónimo disse...

Já existe a confraria do bigode (acho que é assim)... atenção que não pode crescer pra baixo do lábio superior..

aliás, aqui está: http://confrariadobigode.blogspot.com/

divirtam-se!

Unknown disse...

Bora Mauta!!!!

Tudo a Botar Bigodaça pa fazer a cociguina na menina bonita ;)

Acho k sim.... Vamos aderir... ;)

Contem comigo... (Pelo menos para a janta)

Abraços,

Peixinho


PS - Ja agora, ha algum peixe com bigode???

Miguel Brázio disse...

Caro Pedro,
Existem vários peixes... com bigode.
Um que é famoso tem o nome de Peixe Gato de Bigodes Compridos.
Fazendo uma pesquisa a informação diz-nos que os seus longos bigodes não se limitam à simples beleza. São grandes auxiliares na procura de alimento.
Piscívoros, crescem demasiado. Em termos técnicos – Pimelodus Pictus.
“Outros” que por aí deambulam são carnívoros e se deixamos comem-nos tudo.
Comem-nos a alma e não tarda comem-nos os ossos. lol
Cumprimentos,

Anónimo disse...

Pois pois fico a espera dessa vossa chegada e dessa vossa recepçao...nao esquecendo a bela da mesa com o bigodao do menino e o sorriso catita da menina!!

Beio Grande maninho***

adoro_te (=

Miguel Brázio disse...

Caro Ricardo,
Conforme se constata Produções BIGOTÈ, reflectem o ambiente sadio, proveitoso e inspirador que vos absorve por estes dias.
Efectivamente com ele procuras um movimento recuperador da imagem que muito e simbolicamente caracterizou o nobre povo lusitano: sonhador, sensível e ao mesmo tempo generoso.
Recheados de história são diversos os bigodes das mais altas figuras de Estado ou dos mais simples e pacatos cidadãos onde a honra e a glória corriam debaixo de aparatosos e deslumbrantes bigodes, sinónimo dum juramento sagrado, qual pacto de sangue! Outros, na imensidão do oceano amainaram tempestades numa singela e curta visita ao convés de sua nau, acompanhados do seu emblemático “apêndice”.
Não posso ainda deixar de referir que desde o dia em que tive conhecimento dos teus propósitos, já agora dos vossos, de quando em quando, me fazes rir e provocando boa disposição depreendendo mais uma vez a capacidade exímia e ímpar que demonstras, a par dos outros “Mandés”, resultado das vivências e perfeita saúde que vos envolve. :D
Com toda esta história lembrei-me e dei voltas para me recordar dum blogue onde li, há meses atrás, um conto magnífico sobre a importância do bigode !!
A necessidade e obstinação da presença no frontispício dum homem a quem apelidaram de ZÉ-CABELO-SEM-BARBA.

O original está em http://maraoleste.blogspot.com :

“Seu José nasceu dia 25 de um ano qualquer e num mês que não vem ao caso. Último filho de uma prole de seis (todos homens), desde seu nascimento Seu José chamava a atenção pela sua cabeleira. Jamais havia sido noticiado o nascimento de um bebê mais cabeludo.
Aos seis meses, um de seus irmãos, o mais sapeca, lhe fez uma trança enorme. A mãe e o pai de Seu José ficaram furiosos com o menino, e disseram que ele não cortaria o cabelo pelos próximos cinco anos. Na verdade, esse castigo não foi muito duro para ele, já que possuía uma enorme tendência a ser careca.
Seu José foi crescendo. Os cabelos eram semanalmente cortados, e aos nove anos jurava que já despontava, sobre o seu lábio superior, um impenetrável bigode.
Os anos passaram, os cabelos cresciam irritantemente. Mas a barba não vinha. Nem o bigode. A cena era tão estranha que Seu José, aos 30 anos, ainda não havia feito a barba uma única vez, e seu rosto mostrava apenas umas penugens.
É bem verdade que Seu José ficava irritado com o crescimento dos cabelos, mas desejava ardentemente ostentar um bigodão. “Será o maior do mundo”, jurava ele. Bem, mas o bigode jamais veio.
Triste com seu destino e com seu apelido (chamavam-no de Zé-cabelo-sem-barba) Seu José abandonou a carreira promissora de cabeleireiro e, maquiavelicamente, passou a se dedicar a desnudar faces de suas barbas. Tornou-se o mais bem-sucedido barbeiro do mundo todo, e sentia-se vingado do cruel destino.
Com 37 anos, Seu José possuía um rosto angelical. Diziam que tinha feições de príncipe, com um rosto jamais tocado por uma lâmina de barbear. Arrumava muitas mulheres. Era rico e famoso, mas triste. Sentia que faltava algo.
Todos afirmavam que era a falta do bigode. As mais românticas juravam que lhe faltava, na verdade, um amor que lhe completasse. “O homem só é completo quando encontra sua cara-metade”, diziam as apaixonadas e belas moças solteiras (e as más línguas apontavam algumas casadas nesse meio).
Seu José desacreditava de uma versão e de outra. Tomado por uma lógica simples, decidiu raspar a cabeça. “Desprovido de minha densa cabeleira, os fiapos de meu rosto sobressairão”, pensava.
Certo dia, o careca Seu José fazia barbas alucinadamente para o dia dos namorados. Todos queriam ter seus rostos raspados pela talentosa lâmina de Seu José. Era um dia de grande recompensa para ele, e de vingança contra os mais bigodudos. Se um freguês dizia querer fazer somente a barba e deixar o bigode intocado, Seu José dava um jeito de errar o corte e obrigar o cliente a arrancar o vasto bigode também.
Nesse dia, já cansado de tantas barbas, Seu José recebeu a visita, no final do expediente, de dona Maria, a mais solteira das solteiras da cidade. Ela, envergonhada, queria um favor de Seu José. Dirigiu-se a ele como faria a um padre, pedindo absoluto sigilo. Ele jamais a havia visto, pois ela era também a mais reclusa das reclusas da cidade. Trazia um lindo lenço português cobrindo o rosto, à moda de uma dançarina do ventre.
“Seu José, sei que o Senhor está cansado, mas quero pedir-lhe um favor. Não conte a ninguém que estive aqui. Tenho 40 anos, e jamais arranjei um homem que me quisesse. Quero um milagre de São Antônio agora. Mas tenho que ajudar o santo, também. Fiz uma promessa para arranjar marido. Mas sei que será impossível com meu terrível defeito. Olhe”. Dona Maria tirou o lenço do rosto. Um vasto bigode reluziu, em negro cor de graúna, nos olhos de Seu José. Foi uma paixão fulminante.
Ele negou-se a arrancar aquela preciosidade, e convenceu Maria que aquilo era uma dádiva. Ela, por sua vez, se apaixonou pelo rosto intocado por lâminas de Seu José. Ambos encontraram, naquela noite e naquela barbearia, suas caras-metades. Casaram-se, e tiveram lindos filhos. Todos homens, calvos e bigodudos.”

Realmente, coisas do “arco da velha…”.

Grande abraço e continua…

Anónimo disse...

A que se deve essa mudança?Preguiça de fazer o bigode, sentirem-se diferentes ou sentirem-se personagens talentosas? Ou talvez, inveja de ficar com ar de "Piratas das Caraíbas". Mas tenho de concordar que os vossos bigodes são inéditos!Ricardo em relação ao teu gostei e não gostei ,mas não é nada que tu já não esperasses, mas tenho de concordar que são bigodes para todos os gostos! Em relação ao "logotipo" adorei...está o máximo...vão mandando mais notícias e vê lá como tratas desse teu pé...não te descuides. Beijos grandes da mãe que te adora....beijosssssss

Unknown disse...

Ai meus vienettas!!!

que orgulho em ser português, que orgulho em ser bigodudo!!..
Leal, as fotos tão L-I-N-D-A-S!!isso tá a ser A VIAGEM!
fico super feliz por vocês três!

eu também tou em experiências novas ,a evoluir a cada dia que passa..que mais dizer: tou no Braziú!!

Um Axé da Bahia!

Aquele Abraço*

da Teresa bigoduda
( ou nao fosse eu uma bela portuguesa, concerteza! ;)