Saudade. Este sentimento tão português parecia transbordar de nós para todos eles e em pouco tempo estavam cinco “tobaboos” – brancos, mais um punhado de “petits fafaris” – pretinhos, com as nossas coisas acauteladas dentro da piroga à espera que o timoneiro a fizesse arrancar. Soube bem pousar novamente o pé naquela margem, soube mesmo bem. De repente podíamos novamente por em prática o nosso rudimentar “Maninkaka”, já um pouco enferrujado pois em Conakry, por mais Malinkés que hajam, quase todos falam Sussu. Os “Inicés” (“olá” depois de uma longa ausência) repetiam-se misturados com sorrisos e apesar de curto, foi longo o caminho que percorremos até chegarmos ao bairro familiar que aloja a “nossa” palhota. Lá dentro parecia estar tudo na mesma à nossa espera, mas com um pouco mais de pó. Guardamos apressadamente as coisas e saímos para a pracinha aqui em frente. O resto da canalha começou a chegar e dividiram-se os colos e os abraços. Pouco depois conhecemos os cinco ingleses que entretanto chegaram à aldeia para fazer um estágio de percussão e cedo chegou a hora do almoço. Éramos muitos a partilhar o mesmo prato de arroz com molho de peixe, entre brancos aprendizes e pretos professores, novos e menos novos, todos a comer do mesmo pote, fazia-se a “união africana” – como ouvi chamar em Conakry. Repetia-se a rotina nunca enfadonha da pequena aldeia.
Cá pela aldeia ficaremos por tempo indefinido, a aproveitar os cursos de percussão, sempre mais tradicional do que a que se pratica em Conakry, estas imagens, esta paz e esta mescla de sentimentos e sentidos. Sem pressas, por mais que custe às nossas famílias. Já faltou mais para o regresso, mas faltou mais também para levar daqui o máximo possível, armazenado nos nossos corações e na nossa memória. Sim porque, quando no futuro pensarmos nesta viagem não vai ser certamente das atribuladas capitais que nos vamos lembrar, mas antes desta coisa inexplicável que se sente nas aldeias. Esta hospitalidade tão querida e tão honesta.










4 comentários:
E enquanto ai se enche e se preenche, eu já fui, voltei e daqui a pouco sigo de novo. Para encher e preencher de novo, mais e mais. E ai, aqui, onde quer que a gente esteja ou vá estar, desde de que se sinta e saiba o "valer a pena", nada mais é preciso explicar! Aproveitem tudo, sempre, e toda a sorte do mundo para voçês
Olá amigos,
New look, à maneira!
“Mandino”, parece que te vais aliar ao Solidariedade, em Gdansk! ;-)
Brincadeira à parte, mais uma excelente aparição, respondendo a todos quanto queriam uma observação in loco destes grandessíssimos “Mandés”.
Nova resenha dessa ventura que se nos aproxima duma forma tão real originando por momentos, uma tão boa e modesta ilusão.
Tenta-se sentir o calor do ar e respirar o espírito desse povo.
Quanto à hospitalidade, diria desinteressada. Um dia serás profeta disso Nuno.
Um abraço.
pahhhhh!!
ki feios!!!
olha... não tenho vindo pois..
encontrei a Tezoura... sorry
beijinhos...
:D
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